A Aposta de Pascal
Mais uma dos texanos do programa de televisão à cabo americano The Atheist Experience, que recebe ligações de religiosos tentando convencê-los de que milagres acontecem por interferência divina, deuses existem entre outras. Já havia algum tempo que queria escrever algo sobre a Aposta de Pascal (não a linguagem de programação), mas os caras tornariam qualquer palavra minha meramente redundante, pois não sobrou muito muro pra derrubar depois dessa. De qualquer forma, podem conferir esse link para mais detalhes históricos sobre o filósofo francês Blaise Pascal e sua infeliz "argumentação". Está em inglês pois a versão em língua portuguesa é uma mera sombra do completíssimo artigo original.
Depois desse vídeo percebo que sou muito gentil debatendo...
Mais uma vez, crédito para o FBI pelo excelente trabalho de legendagem e distribuição.
8 comentários:
Ai cara, mais um exemplo, de tantos e tantos e tantos e tantos outros desses debates de argumentações que só são "infelizes" por serem anacrônicas (como que, sei lá, defender que o tempo/espaço newtoniano hoje em dia não fosse menos infeliz).
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Primeiro que a aposta de Pascal não é algo assim, isolado, que nem o imbecil retardado que fez a ligação falou, você não tira ela do nada, ela é um ponto de uma longa série de apologias e o principal alvo dela não é o ateu, é o cético (que são duas criaturas opostas no sentido que um suspende o juízo e outro acredita em algo).
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Então, o ponto principal da aposta de Pascal não é dizer "é melhor acreditar", mas é dizer "você tem que fazer uma escolha"; é um argumento contra agnósticos, digamos assim, ele diz que se há a possibilidade de um deus, de um céu, de um inferno, você não pode suspender o juízo, você tem que escolher um lado, porque estamos falando de infinito sofrimento ou infinita felicidade.
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Além disse, no decurso das outras apologias, ele lida com as outras religiões (pelo menos as que ele conhecia na época, que eram o paganismo e o judaísmo); ele lida com um tipo de deísmo agnóstico e ele lida com ateísmo.
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Quer falar algo contra uma argumentação qualquer tudo bem, mas eu fico puto quando alguém dispensa um pensador competente e importante porque o sujeito há séculos atrás cometeu erros que hoje (e apenas hoje) parecem óbvios e porque *você* está recortando e tirando de contexto uma argumentação que, em primeiro lugar, nem tinha como propósito o propósito que você acha que tinha.
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Pra argumentar contra a aposta de Pascal, você não tem que dizer que vale a pena escolher "não acreditar", você tem que dizer que pode, de algum modo, não apostar.
Eu sinceramente acredito que Pascal estava sendo irônico. :)
Gostei bastante do blog, conhecia através do ceticismo.net.
Conhecia alguns vídeos do The Atheist Experience, mais esse ainda não, e se não se importa, fiz questão de postar no meu blog também, pois dá pra gerar uma boa discussão, e só nos sabemos o quanto é necessário.
Abraço
É possível refutar as falácias teístas usando os próprios argumentos apresentados por eles.
O ateísmo é a única conclusão lógica que qualquer pode alcançar, independente do credo, cultura ou instrução.
Rodrigo
Se fosse tudo tão bonito e perfeito assim seria ótimo, mas o argumento de pascal é utilizado justamente por religiosos como demonstração que deve-se acreditar, ou seja, ter fé em deus. Nesse aspecto, você há de convir que é uma péssima argumentação.
Além do mais isso é puro jogo de palavras. Escolher acreditar que deus não existe não é a mesma coisa que mandar essa idéia para o quinto dos infernos (ops). A idéia (da existência de Iavé) é, basicamente, estúpida, e por isso é deixada de lado.
É como a história do bule de chá que circunda a Terra. Alguém invetou isso, e como é ridícula, mas não impossível, simplesmente ignora-se.
Não adianta, a aposta de Pascal ainda é ridícula.
E quanto a dispensá-lo como pensador. Bem, você mesmo já disse que ele cometeu erros. Nesse caso, aproveitemos o que ele escreveu de bom e peguemos as mer**s que ele pensou e demos descarga nelas. E essa aposta dele é uma dessas últimas.
Não lembro de ter falado para se ignorar Pascal como um todo. Apenas um fragmento de sua obra é muito pouco para abalar um nome de prestígio como o dele. Cabe aqui, aliás, que nenhum pensador, por mais brilhante e inspirado que seja, escapa de escrever uma bobagem durante a vida. E a dele foi acreditar na história do espinho e sua irmã doente.
E a história do bule de chá é do Bertrand Russell e era justamente para criticar a inexplicabilidade de deus e sua falta de provas. Dê uma lida na posragem "Mas afinal o que é Caneca Orbital?", que explica melhor o texto do Russel e o próprio nome desse blog.
Valeu a visita!
Obrigado pela resposta, Rodrigo.
Acho que fui um pouco confuso. Talvez. Mas eu me referia ao Rodrigo do primeiro comentário que, creio eu, não é você. Os nomes coincidiram e eu nem lembrei de diferenciar na resposta.
Inté
Sem problemas. Isso acontece!
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