Somos dependentes do abate animal
Se você é adepto do vegetarianismo por questões pessoais como simples preferência gastronômica, ok. Também aprecio uma boa salada de vez em quando. Aprendi a comer proteína de soja em função de uma reeducação alimentar pra perder uns quilos. Tenho um amigo que é vegetariano (um dos argumentos dele é que o esperma de quem adota tal dieta tem gosto de avelã. Segundo o próprio, uma amiga que disse...), mas que não se furta a tomar um sorvete de vez em quando ou uma colherada de mel como sobremesa.
Você também pode se sentir desconfortável, e deveria mesmo, com a idéia da quantidade de sofrimento imposta aos animais abatidos, como eu mesmo fico. A ilusão da fazendinha do interior com os animais vivendo felizes não resiste à conscientização da pressão que a humanidade faz no ecossistema, bem como a poluição atmosférica e do solo que imensos rebanhos causam [1] [2]. Mais uma vez bato na tecla: nossa espécie está em número tão grande que arrisca nossa própria sobrevivência. Com um número 99% menor do que hoje estaríamos muito bem, obrigado. Esse é um assunto pelo qual vale uma militância, mas infelizmente humanos não são fofinhos, a não ser quando são filhotes. Certamente imagens como as do documentário Earthlings [3] chocam por demais, porém uma posição onde se defenda a total abstinência quase monástica à nossa dependência dos animais é uma falácia exagerada.
Não importando a motivação, o abate de gado de corte não se restringe apenas à carne, como muitos insistem em propagar. Grande parte de nosso conforto (palavra que pode soar hedonista nesse contexto) e capacidade de sobrevivência depende das dezenas de subprodutos do gado, como os adubos orgânicos, hormônios, insumos para pesquisas etc. Lembro de ter lido um ditado muito antigo em um Almanaque Globo Rural: do boi só não se aproveita o mugido. E se fui contido, foi pra amenizar o estampido abaixo, lá do Caixa Pretta. Clique para ler a letra miúda, mas são as garrafais as mais legais.