11.4.11

A forma mais abjeta de proselitismo religioso

Eis que um tal de Fabio Barros chegou na minha página com a seguinte ode à Desgramática:

"o cara qu abril fogo na escola em realengo era um maniaco relegioso ok tudo bem, ele nao era cristao seguia uma linha de pensamentos terrorista dos muçulmanos, com a visao religiosa dele ele matou 13 e feriu alguns, mas pergunto os cientistas que fizeram a bomba atomica que exteminou as duas cidades japonesas na segunda guerra mundial, eram ateus ceticos nao mataram mais? com o ceticismo deles do que o maniaco que atirou na escola com a visao relegiosa dele?" [sic]

Pra começar, culpar os cientistas do Projeto Manhattan pelas mortes em Hiroshima e Nagasaki é o mesmo que acusar a Smith & Wesson por fabricar os revólveres que o Wellington usou para fazer o que fez. Não confunda o agente causador com as ferramentas. No caso japonês, quem apertou o gatilho foi o governo americano, muito protestante até então.

Ao contrário que alguns jornalistas andaram falando por aí, tampouco foi a religião dele a causadora da calamidade. Foi a sociopatia que ele desenvolveu, causada sabe-se lá pelo que, nunca saberemos. Ele encontrou acolhida naquele sincretismo maluco que alimentou seu ódio pelas mulheres (sim, embora sejam crianças, a maioria era do sexo feminino), que mistura preces a Maomé, versículos da Bíblia e suras do Corão. Em seus estudos ele teve exemplos suficientes de como agir para punir aqueles que eu sua mente doentia achava que mereciam morrer. Se a religião teve algum papel nisso, foi a de dar subsídios de ação e abertura de precedentes para fazer o que fez, o que é pior, sem sentir culpa e até com a sensação heróica de martírio.

Aproveitando a deixa, já que o assunto é proselitismo religioso, a coisa mais abjeta, imoral e nojenta que pude ler nesses dias de sofrimento para dezenas de famílias, centenas de familiares e milhões de brasileiros foi publicada em vários blogs assembleianos que um garoto sobreviveu ao massacre pois orou a Deus e o assassino poupou-o. Além do fato do assassino estar visando desde o início as meninas (só posso imaginar que os garotos mortos foram infelizmente pegos no tiroteio visado), há a explícita cantata de vitória por parte daqueles que foram afortunados de escapar à tragédia. Delegar a própria fé foi de uma imundície de caráter que só entre esse tipo de pessoa é comum encontrar, a mesquinharia e o egoísmo orgulhoso de pisar sobre os sentimentos e a infelicidade de quem foi vítima da fatalidade. Um ego do tamanho do planeta por achar que o próprio umbigo abençoado e dos outros não é.

Só dei esse mundo de atenção para o cara que foi lá comentar na minha página pois quero deixar bastante claro o quanto eu desprezo esse tipo de atitude proselitista, solipsista e vergonhosa, onde tenta-se desesperadamente justificar o ato através de uma visão polarizada, curta, pequena, indigna e tacanha como que foi levantada. Junto com qualquer idéia de tradição, essa é uma visão escrota que merece ser combatida todos os dias.

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