4.4.10

RT #círculos (Via @LuisFVerissimo)

Dado o formato de 140 batidas que o Twitter nos impõe, juntei uma série de postagens do Luis Fernando Veríssimo no Twitter sob a tag #círculos em um único texto. Não mudei uma vírgula, um ponto ou um espaço. Se ficou ruim, é minha culpa. Se é genial, é culpa dele.

"Certos fatos são como os círculos concêntricos que se formam quando a proverbial pedra cai no proverbial lago. Certos fatos têm um significado imediato e têm as conotações que se alastram, com significados cada vez maiores. Essa questão dos padres pedófilos, por exemplo. No seu centro, há o drama individual de um homem e sua compulsão doentia, e das suas vítimas. O significado seguinte é o da condição antinatural do homem, obrigado ao celibato ou condenado à hipocrisia.

Outro significado é o poder da religião sobre seus fiéis, expressa na imagem do rebanho, mas sem nenhuma garantia do caráter do pastor. Seguindo esses círculos sucessivos, fatalmente você chegará à neurose sobre o sexo, que está na base da nossa civilização. A demonização do sexo e a misoginia são constantes da cultura judaico-cristã e o islamismo não fica atrás. O celibato protege o padre do contágio do mal pelo contato com a mulher, descendente de Eva, a primeira desencaminhadora. O último dos círculos irradiados tem a ver com a Igreja e seus costumes, como a demora em reconhecer seus erros. Entre o acobertamento e a omissão, a hierarquia da Igreja tem muito a ver com os crimes praticados por seus sacerdotes.

Mas nada disto afetará sua majestade. Ela sobreviveu à Inquisição, à perseguição aos judeus, à resistência as revelações da ciência, à cumplicidade com tiranos, e pediu desculpas. Ainda hoje dita o comportamento sexual de milhões de pessoas, apesar da sua posição retrógrada na questão dos anticoncepcionais. Mas um dia pedirá desculpas
por isto também.

O que é eterno não precisa ter pressa."

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