3.10.09

Bento XVI diz que abuso sexual de crianças pelos padres católicos não É BEM pedofilia...

Reportando via Portal Ateu (autoria do portuga ateu João Canvas, que por sua vez captou a notícia no The Guardian), algo que só não é pra rir de tossir a pleura pois a coisa é grave, prenhe de um cinismo que me dá azia.

Resumão da nova/velha política da Sé. Tara sexual consentida com adolescentes do mesmo sexo, ok. Com crianças, ah, os outros fazem bem pior!

Aqueles que pensavam que o abuso de crianças por padres no seio da ICAR era uma espécie de tabu, ficarão concerteza aliviados por saber que finalmente o Vaticano se decidiu pronunciar sobre o fenómeno.ARchbishopSilvanoTomasi

Mas em vez de assumir as responsabilidades como qualquer outra instituição feita, a ICAR aplicou a velha máxima futebolística que diz ”a melhor defesa é o ataque”. Assim, a Santa Sé, prestando um grande serviço ao ateísmo, informou os jornalistas à saída de uma reunião do Conselho para os Direiros Humanos das Nações Unidas, que o problema era bem maior na casa das religiões concorrentes, leia-se Judeus e Protestantes, onde o abuso de crianças seria algo comum.

Os dados foram apresentados pelo Arcebispo Silvano Tomasi, baseando-se em relatórios de um observatório pseudo-científico do Vaticano. Este iluminado revelou mesmo que na ICAR estes abusos não correspondem a mais do que 1,5-5% do total de padres da instituição.
Fazendo uns cálculos conservadores, partindo de um número global de padres que não deverá ser em nenhum caso menor do que 400.000, e que serão várias as crianças abusadas anualmente por cada um dos “pastores”, chega-se facilmente à número redondo de 250’000 violações de crianças anuais. Nada que cause consternação a uma instituição como a ICAR, nem mesmo tendo em conta o caso exemplar da Irlanda em que um inquérito governamental concluiu que a violação de menores por membros do clero foi algo “endémico” durante décadas e décadas.

O brilhante comunicado recupera também um termo que não se utilizava desde há cerca de 50 anos nas sociedades modernas…a efebofilia. Ao que parece é isto que 80-90% dos abusadores de batina preta fazem, não pedofilia, como alguns querem fazer crer. A efebofilia servia no início do século passado para denominar a preferência homossexual por adolescentes dos 14-18 anos. É portanto uma questão de idades, e de homossexualidade, e tudo está bem, quando a Igreja diz que está bem. Tudo respostas altamente consoladoras para as vítimas.

Recordemos que tudo isto parte da cúpula do Vaticano, do Papa Ratzinger. Recordemos também que o Papa é infalível.

Acho que qualquer membro desta organização deve pelo menos parar e reflectir sobre esta notícia, e mais do que dizer que “a Igreja é feita por homens que erram” deve pensar até que ponto estará ela a contribuir para a perpetuação do abuso e da impunidade das instituições religiosas.

Rebelem-se ovelhinhas!!

Captaram como houve uma política de redução de danos á imagem do Vaticano (já abalada até as estruturas)? Manipulação dos afetos, reordenação e reposicionamento da perspectiva causal em torno de uma resignificação de palavras! Enrolei o que é bem simples: assumiram a culpa pelo que é menos grave e atacaram a concorrência com o argumento de que fora da ICAR o buraco é mais embaixo (provavelmente pelo comprimento das pernas...). Essa troca de farpas [1] [2] [3] entre muçulmanos, judeus, evangélicos e católicos os faz, pelo menos pra mim, comer na mesma gamela como dizia minha vó. O que nos leva a considerar: será que TODAS as religiões majoritárias tem por dogma, escondido lá no fundo das tradições dos povos do deserto, uma quedinha por crianças? Isso é sujo e nojento em tantos níveis que nem saberia por onde começar, mas vale uma investigação.

2 comentários:

Edemilson Lima disse...

Sobre a Efebofilia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Efebofilia

Rodrigo Souza disse...

Edemilson, no texto já havia um link para esse mesmo artigo sobre efebofilia, na expressão "tara sexual" (§2 em destaque), mas obrigado assim mesmo pela contribuição!