4.3.09

Sagram tudo, menos a vida humana

Um recente caso de pedofilia em Pernambuco chocou o país no final do mês passado, onde uma criança de 9 anos era molestada sexualmente pelo padrasto desde os 6 anos. O resultado trágico disso culminou em um gravidez de gêmeos de altíssimo risco segundo os médicos da Casa de Saúde São José. A família já pediu pela interrupção da gravidez e o Ministério Público acatou o pedido com base no risco para a gestante, situação coberta pela lei brasielira.

Acontece que o arcebispo de Olinda e do Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, junto com o pároco de Alagoinha, padre Edson Rodrigues, e dois conselheiros tutelares querem embargar o aborto. Para o arcebispo a violência sofrida pela menina não justifica o ato. "A menina engravidou de maneira totalmente injusta, mas devemos salvar vidas", disse. O advogado da Arquidiocese de Olinda e Recife, Márcio Miranda, afirmou que vai denunciar o caso ao Ministério Público de Pernambuco ainda nesta quarta-feira (4). A ideia é impedir que o aborto aconteça.

Eu realmente não me espanto, ainda mais vindo de pessoas que cultuam um instrumento de tortura, que a letra fria de sua litânia seja mais importante que a vida de uma criança. Que leis arcaicas escrita por incultos pastores de cabras cuja moral precisa vir escrita como se fossem divinas para adquirirem um pouco de humanidade. Não se passa um dia sem que através de tais exemplos não tome cada vez mais asco desse tipo de gente fanática. Se "ter deus no coração" significa desprezar a vida em prol de um egoísmo post mortem, fico muito bem com meu ateísmo, obrigado.

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05.03.2009 00h36

Apesar da igreja católica ter feito pressão, foi feita nessa manhã de quarta-feira o aborto na menina. Os dois fetos foram expelidos por meio de medicação, seguido depois de devida curetagem do material excedente.

Como já era esperado, o advogado da Arquidiocese de Olinda e Recife, Márcio Miranda, deve oferecer ao Ministério Público de Pernambuco, ainda nesta quarta-feira, denúncia contra a mãe da menina, pasmem, por assassinato! Segundo o advogado, a mãe estava sendo orientada por entidades, para que o aborto fosse feito. "Essas organizações poderiam orientar e tentar ajudar a mãe o máximo possível para que a gravidez fosse levada adiante, até o momento de uma cesariana", diz Miranda. "É a lei de Deus, 'não matarás'. Consideramos que é um assassinato." Miranda defende ainda que o aborto causará grave impacto na vida da criança.

Impacto? Forçar o nascimento de gêmeos em uma criança de 1,33m e 36Kg que foi estuprada pelo próprio padrasto já não é suficiente? Levar á cabo essa gestação com alto risco para as três vidas diretamente envolvidas em nome de palavras bárbaras que remontam desde antes da Idade do Bronze?

Só duas coisas podem ser estopins de ações tão cruéis como essa de fazer roleta russa com a vida alheia: MEDO e AMORALIDADE. Tenho sérias dúvidas sobre o quanto desses compostos fazem parte da psiquê daqueles que pões suas leis divinas acima de qualquer outro valor humano. Fora a hipocrisia de falar em tirar vidas a instituição responsável por calamidades como a Inquisição, que mandou para a fogueira, não sem antes muita tortura, milhares de pessoas pelos mais diversos motivos, todos injustificáveis.

3 comentários:

Anônimo disse...

O mais louco é que a justificativa usada para impedir o aborto, é o maior motivo pelo qual o aborto deveria acontecer: salvar a vida.

Rodrigo Braga Alonso disse...

A Igreja errou FEIO nessa.
Eu entendo a importância da questão do aborto para os cristãos e por isso mesmo gosto das leis brasileiras como são. Aborto em casos especiais, não como anticoncepcional (tipo Juno que a menina passa a mão no telefone e diz pra amiga pegar ela às 17h porque vai abortar).

Mas esse é um caso claro em que o aborto deveria acontecer. Que a Igreja esteja tão arduamente se opondo a esse caso tão claro significa quão incrivelmente alienados eles se tornarão na questão.

Anônimo disse...

Poucas vezes vi algo tão estapafúrdio quanto os argumentos usados para defender o 'não-aborto'; pior que isso foi só a ICAR ter cedido aos apelos (ou ficado com medo de passar a imagem de 'medieval' => que verdadeiramente é) para todos e criticado posteriormente a decisão do 'bispo'.

Consultei todos os religiosos que conheço e todos ficaram horrorizados tanto com o acontecido com a menina quanto com a posição fundamentalista da igreja.

Se pertencesse à família dela (da menina) ou se fosse um dos médicos que fez a intervenção, ficaria feliz com a excomunhão, assim nenhum católico mais poderia se dirigir à mim e ficaria livre de gente hipócrita e alienada.