21.3.10

Criação em extinção das telonas brasileiras

Entrou em cartaz no Brasil nessa sexta passada, dia 19 de março, o filme Criação conta a história do cientista Charles Darwin (Paul Bettany) e os dramas por trás do desenvolvimento da Teoria da Evolução, que nessa obra foi relegada a mero pano de fundo para os dramas e conflitos familiares vividos pelo naturalista britânico após a morte de sua filha.


Esse plot pode ser encontrado facilmente em qualquer bom site sobre cinema. Mas uma coisa que me chamou a atenção foi o tamanho diminuto do circuito nacional. Fazendo uma busca básica no Google, dentro das sete maiores metrópoles brasileiras, o filme está em cartaz apenas em 9 salas! 6 em São Paulo e 3 no Rio de Janeiro. Salvador, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte e Curitiba não tem nenhuma sala exibindo Criação.

O que me levou a teorizar conspiratoriamente: será que os setores religiosos estão com tanto medo da divulgação em escala de massa do filme que os exibidores foram bastante modestos com a distribuidora, pelo menos não sofreu o mesmo que nos EUA, cujo filme nem foi exibido pois nenhuma distribuidora* quis se arriscar ao prejuízo de exibi-lo para a neo-teocracia americana, pois seria considerado "too controversial for religious America".

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22.03.2010 09h48

Atualizando o post: graças ao Rodrigo do Sblargh, dei uma fuçada e descobri que a Newmarket Films, a mesma que distribuiu o também polêmico A Paixão de Cristo, adiquiriu no apagar das luzes os direitos de distribuir Creation nos EUA. [1] [2] [3] [4]

3 comentários:

Rodrigo Braga Alonso disse...

Ou talvez biopic de um cientista não seja um tema lá muito intressante, Paul Bettany não seja um ator lá tão famoso, Jon Amiel talvez não seja um diretor lá renomado e, seja, num geral, um filme típico de circuito alternativo que, além disso, não foi tão calorosamente abraçado pelos críticos fazendo com que qualquer filme nessas condições tenha sorte de ter vindo pro Brasil fora de festival, ponto.

Ou talvez seja uma conspiração paranóica e histérica, o que eu sei?

Rodrigo Souza disse...

É um bom ponto de vista.

Paixão de Cristo de, Mel Gibson, foi a biography-picture de um suposto pregador judeu que teria sofrido um sem número de atrozes torturas e sofrimentos, foi controverso até as tampas e passou em largo circuito, mesmo sendo atacado de todos os lados pela crítica não-especializada clerical.

Lembro-me também do O Corpo, com Antonio Banderas, ter sido bastante criticado na época de seu lançamento. E nem estamos falando de um fato real, e sim uma ficção (em cima de outra, mas nem vem ao caso).

A Última Tentação de Cristo do Scorcese chegou a ser considerado herético pela Inquis... ICAR.

Tome um tempo para explorar os comentários disso. Vale a pena tentar adivinhar o grau de apego aos dogmas de cada um.

Puxei esses da memória, certo de que não são filmes sobre cientistas, mas são filmes controversos sob a ótica da religião e receberam duras críticas na época de seu lançamento. À despeito de seus predicados na sala escura, todos eles tiveram de uma forma ou outra problemas para chegar ao grade público.

Em suma: a controvérsia quase sempre resvala no setor religioso, posso até generalizar sem medo de fazê-lo por um desvio ponderado muito grande.

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Como está, rapaz? Da última vez que li seu blog achei que seria sua última postagem, se é que me entende.

Affirma disse...

Perguntei aqui em Campinas e o Kinoplex vai colocar em cartaz a partir de sexta-feira 26/03.
Mais uma opcao. ;)