9.5.07

Gerin Oil

"O Gerin Oil (ou Óleo de Gerin/Geriniol para dar o seu nome científico) é uma droga poderosa que age diretamente no sistema nervoso central e produz uma variedade de sintomas, frequentemente do tipo anti-social ou auto-destrutivo. Se administrada por longos períodos na infância, o óleo de Géria pode, permanentemente, afetar o cérebro e produzir enfermidades no adulto, incluindo arriscadas ilusões, que se provaram muito difíceis de tratar. Os quatros aviões condenados do dia 11 de setembro foram, em realidade, êxtases produzidos pelo óleo de Géria: todos os 19 seqüestradores estavam sob a ação deste estupefaciente. Historicamente, a intoxicação deste agente foi responsável por atrocidades como a caça às bruxas de Salém e os massacres de índios sul-americanos pelos conquistadores. O óleo de Géria estimulou a maioria das
guerras na Idade Média européia e, em tempos mais recentes, a carnificina que se seguiu com a divisão do subcontinente indiano e, em menor escala, do território irlandês.

A dependência ao Gerin Oil pode levar, anteriormente, indivíduos sãos a escapar da normalidade da vida humana e se recolher em comunidades fechadas em que todos as outras pessoas, que não comungam a droga, estão excluídas. Estas comunidades são quase que limitadas a apenas um gênero sexual, com freqüência obsessiva, proíbem a atividade sexual. De fato, a tendência ao sexo torturantemente proibitivo emerge tristemente como um tema recorrente da sintomatologia variegada do Gerin Oil. Ele não parece reduzir a libido "per se", mas, frequentemente leva a um lascivo desejo de interferir, e preferencialmente reduzir, no desejo sexual dos outros. Um exemplo comum é a abominação que os usuários do Gerin Oil sentem pelos homossexuais, mesmo quando se deparam com os que têm uma longa, e amorosa, relação.

Como outras drogas conhecidas, o Gerin Oil refinado em doses pequenas é largamente considerado não prejudicial, e serve como fator de coesão em ocasiões como casamentos, funerais e cerimônias de estado. Especialistas diferem quanto ao uso social da droga, que embora inofensivo em si mesmo, possa ser um fator de risco dando azo a dosagens cada vez maiores e, por fim, o vício.

Doses medianas de Gerin Oil, embora não sejam perigosas exatamente, podem distorcer a percepção de realidade. Crenças que não estão baseadas em fatos podem acabar imunizadas de evidências do mundo real pelo efeito direto da droga no sistema nervoso.

Agerinados podem ser vistos falando com as paredes ou murmurando consigo mesmos, aparentemente crentes que seus desejos particulares, assim expressos, se tornarão realidade, mesmo com o custo do bem estar do próximo e branda violação das leis da Física. Esta desordem auto-locutória é frequentemente acompanhada por tiques estranhos e gestos com a mão, estereótipos insanos tais como menear a cabeça na frente de muros, ou Síndrome da Orientação Compulsiva Obsessiva (SOCO: se virar para o leste, cinco vezes por dia).

Gerin Oil em altas doses pode ser alucinogênico. Usuários crônicos podem ouvir vozes em suas mentes, ou ter visões que parecem, aos viciados, tão reais que frequentemente acaba por persuadi-los de sua tangibilidade. Um indivíduo que se mantêm, sempre, sobre o pico de alucinações pode ser venerado como líder de discípulos que se consideram menos equipados. Tal subseqüente patologia pode ser levada adiante mesmo que o líder venha a falecer, e pode se propagar na forma de bizarra psicodelia, tal como a fantasia canibalística de "beber o sangue e comer a carne" do líder.

O uso continuado de Gerin Oil pode acarretar "viagens ruins"; nas quais o usuário pode sofrer de ilusões mórbidas e pavores, medo de sofrer torturas principalmente, não no mundo real, mas em um mundo "post mortem" de fantasia. "Viagens ruins" deste tipo são ligadas a uma cultura de punição na qual é característica da droga é a o temor obsessivo da sexualidade, já apresentado aqui. A Cultura da punição, incrementada pelo Gerin Oil vai desde o "ósculo", passando pelo "flagelo" até a "pedra", (utilizada especialmente contra adúlteras e mulheres violadas), a "desmanificação" (amputação de uma das mãos), e culmina em uma sinistra fantasia induzida pela droga que "allo-punição" ou "resgate pelo sacrifício do puro": a execução de um indivíduo pelos pecados de outros.

Você poderia pensar que dado o potencial da droga, para a dependência e periculosidade, ela deveria estar no topo da lista de tóxicos proscritos, com sentenças exemplares para quem a traficasse. Mas não, é facilmente obtida em qualquer lugar do mundo e nem de receita se precisa. Traficantes profissionais são em grande número, e se organizam em cartéis, comercializando abertamente nas esquinas e lugares erigidos com este fim. Alguns destes cartéis são adeptos de "tosquiar" pessoas pobres e desesperadas para satisfazer seus costumes. Seus chefes ocupam altos postos, onde exercem grande influência, e são ouvidos por reis, presidentes e primeiros ministros. Governos não apenas são permissivos com eles, mas, ainda lhes garantem isenção de impostos. Pior, os governos subsidiam suas escolas, fundadas com a intenção específica das crianças saírem de lá já viciadas."


Mais uma da série "coisas que eu gostaria de ter dito/escrito" e também mais uma pérola de Richard Dawkins, professor de popularização da Ciência em Oxford, e um ateísta engajado. Este artigo foi anteriormente publicado pela revista “Free Inquiry” com o título "Opiate of the Masses" (Gerin Oil). Soberbo em sua criatividade, Dawkins dá um parecer "bio-químico" de como a religião organizada insufla o ódio, a discriminação e a intolerância por onde quer que esteja. Alheios à razão, os sacerdotes e líderes eclesiásticos só enxergam como únicos e intransponíveis seus valores morais e de como enxergar a vida. São todos "Ateus-1". Um dia escrevo sobre isso.

Créditos a Hrrr, da comuna Ateus - BR, por compartilhar o texto.

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