20.11.10

Pecunia non olet

As palavras com o tempo vão sendo dilapidadas pelo uso delas fora do contexto inicial. Há uma diferença entre PRECONCEITO e DISCRIMINAÇÃO, embora as duas sejam colocadas indiscriminadamente no discurso diário.

Preconceito é ter idéias errôneas, equivocadas ou falaciosas sobre alguma coisa. Geralmente é fruto ou de ignorância acerca do assunto ou da cultura onde foi criado e recai em alguma espécie de generalização. Preconceito é achar que todo negro é ladrão, todo gordo é assim porque é sem-vergonha e come demais, que todo gay é promíscuo, que todo ateu é amoral ou que todo religioso é um crédulo.

Discriminação pertence a uma camada posterior à do preconceito, que corporifica o sentimento. Discriminar é estigmatizar, diferenciar tratamento, empregar atitudes parciais e opositoras para com o objeto de seu estranhamento, tolhindo-lhe o acesso ao que quer que seja e fazendo oposição aos seus direitos. Agredir gays [1][2] como uma tentativa de evidenciar a própria masculinidade, é ofender nordestinos [2] em função da escolha política, é dar um salário inferior à mulheres que desempenham o mesmo cargo que homens, é desconfiar de empregados de origem humilde quando alguma coisa de valor some na casa.

Por outro lado, uma pessoa tem tanto direito de achar que uma mulher é inferior ao homem assim como achar que existe um papai-do-céu ciumento e possessivo que zela e ameaça com punição se não for amado intensamente. Ou achar que negros são menos inteligentes que brancos, que é o povo escolhido por esse mesmo papai-do-céu e por isso todos os outros povos gentios devem lhes servir. Isso é fantasia, tão inócua quanto um sonho ruim. O problema é levar o preconceito à cabo, acrescentando-o à agenda política, fazendo dele plataforma e levando junto todo o complexo de preconceitos que orbitam o campo gravitacional de uma ideologia tradicionalistae perversa desse calibre.

O reitor da presbiteriana Mackenzie não gosta de gays por causa de sua criação religiosa mas não comete discriminação, pois tenho certeza que aceita de muito bom grado as caras mensalidades que seus alunos "coloridos" pagam. Dinheiro pode não ter cheiro mas hipocrisia fede.

4.11.10

A sedução fascista*

Em um daqueles cliques ocasionais do twitter caí lá no blog Meme de Carbono, do Roney Belhassof, que tive o prazer de conhecer em uma palestra na Geek Week UniMSB dando a palestra mais nerd deste lado da Grota e li algo que até então não tinha me dado conta: o fascismo está muito presente em nossa cultura, e não é só na política passada ou em ataques factóides pré/pós-pleito que estou falando. O conteúdo integral você pode ler nesse link aqui.

No post ele cita Umberto Eco em seu texto "O Fascismo Eterno", parte da coletânea Cinco Escritos Morais, onde o escritor italiano descreve as 14 características do Ur-Fascismo: (1) Culto da Tradição, (2) Recusa da Modernidade, (3) Culto da ação pela ação, (4) Rejeição de Críticas, (5) Culto ao medo das diferenças, (6) Frustração individual, (7) Nacionalismo, (8) Inimigos poderosos, (9) Vida para a luta, (10) Elitismo-popular, (11) Heroísmo é norma, (12) Machismo, (13) Populismo Qualitativo
(14) Uso da Novilíngua (neologismo de George Orwell, 1984).


Nas palavras do próprio Roney:

"O fascismo pode ser visto como um bug do software humano, talvez o resultado do confronto entre nossos instintos animais e nossa consciência humana. O fato é que ele é capaz de assombrar a todos nós e pode ser usado para manipular praticamente qualquer pessoa desatenta."

Só cometi o abuso de sugerir uma palavra talvez mais eficiente que bug para melhor exprimir os reflexos fascistas residuais em qualquer fundamentalismo (do futebol à religião, passando por política aos sistemas operacionais), mas sim abandonware, aquele que a gente instala uma vez, esquece que está lá e geralmente é responsável por travamentos, telas azuis e conflitos de drivers.

Imagino que um dia, o que quer que tenha sido os rudimentos do fascismo, deve ter sido útil à unidade tribal em diversas partes do mundo e em diferentes graus confore a cultura local. Dentro dos 14 pontos levantados pelo Eco, cruzei-os com dois fatores antropológicos que nos diferenciam do resto de nossos compadres animais: a capacidade de comunicação e as ferramentas culturais da guerra, estancadas sob dois augúrios:

O GRITO – O que nos fez indivisíveis e imiscíveis com os outros clãs. A língua, os modos, os valores, o conhecimento de um suposto mundo espiritual e a certeza de que ele existe e regula as vidas da aldeia, atrelado à sabedoria intrínsica que só o clã sabe a verdade sobre o mundo. Sob o signo do GRITO, habita nossa cultura grupal, a consciência, numeradas pelo Eco como 1, 2, 3, 4, 5, 10, 13 e 14.

O CAJADO – O contingente guerreiro. As histórias de batalhas. O aumento dos feitos através do aumento do tamanho do inimigo (para que a glória da vitória seja aumentada pelo mesmo multiplicador). O sangue, o corpo, as medalhas, os discursos, seixos, estátuas e marcos dos conflitos de onde se saiu vencedor, todos inquilinos da forma mais primal de violência, o CAJADO, listadas como 6, 7, 8, 9, 11 e 12.

Resumindo, o GRITO e o CAJADO seriam alegorias que marcaram nosso passado como espécie de forma tão profunda e indelével que é difícil esquecer, de um passado tão remoto e enterrado em camadas e camadas de tempo que hoje mesmo são poucos que reconhecem esses traços simiescos em nossa mente. Talvez o fascismo seja o eco guardado centenas de milhares de anos na nossa carne, que se recusa a sair de nossa memória, reverberando na mente nos momentos menos vigilantes. Na seara da sobevivência quando o primeiro de nós gesticulou, gritou e berrou e isso serviu para alertar o bando de um predador que se aproximava, se fezendo enteder em meio ao desespero, fez daquele pequeno clã barulhento um pouquinho mais apto a sobreviver aos rigores do dia e da noite. Com o tempo a vivência dos perigos, as histórias das caçadas, as técnicas e os ensinamentos puderam ser transmitidos às gerações futuras. Penso se não houve um momento lá atrás, quando o primeiro de nós entendeu que não era necessário gastar energia e bater forte em um oponente para reduzi-lo ao seu lugar submisso. Bastava apenas levantar a mão que o outro abaixava a cabeça. Erguer a voz para que outras vozes se calassem. Um amálgama dos dois termos seria juntar a ameaça que domina o corpo com a palavra que aprisiona a mente. Uma punição tão terrível e cruel, muito além de qualquer castigo físico presente, mas uma condenação da própria essência em um não comprovado pós morte ilusório.

Faltou nessa lista a imagem do Grande Pai, o líder, a figura de autoridade e amor que irradia sua liderança e serve de foco para as mentes dos que estão sob seu jogo. Eco não colocou em sua lista, mas acrescento-a aqui com o devido crédito. A expressão foi contribuição do @Tradsouza via Twitter). O Grande Pai é o guia, exorta e acalma a base, conforme a necessidade, a trabalhar duro, sustentar as camadas superiores com parte do seu suor, se anular como indivíduo para fortalecer a unidade da massa. O Grande Pai é justamente a entidade que empunha o CAJADO e entoa o GRITO, que usa a força para conseguir o que quer e evoca as palavras que conduzem o rebanho.

Acho que a essa altura já preparei o terreno para onde quero chegar, assunto do próximo post: se procurarmos direitinho veremos que tampouco faltam exemplos monoteístas que seguem a cartilha dos 14 passos do fascismo. Amém?

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*Cometi a indelicadeza de copiar o título do Roney, mas o motivo será compreendido na próxima postagem, já que fazem parte de um mesmo raciocínio.

26.10.10

Somos dependentes do abate animal

Se você é adepto do vegetarianismo por questões pessoais como simples preferência gastronômica, ok. Também aprecio uma boa salada de vez em quando. Aprendi a comer proteína de soja em função de uma reeducação alimentar pra perder uns quilos. Tenho um amigo que é vegetariano (um dos argumentos dele é que o esperma de quem adota tal dieta tem gosto de avelã. Segundo o próprio, uma amiga que disse...), mas que não se furta a tomar um sorvete de vez em quando ou uma colherada de mel como sobremesa.

Você também pode se sentir desconfortável, e deveria mesmo, com a idéia da quantidade de sofrimento imposta aos animais abatidos, como eu mesmo fico. A ilusão da fazendinha do interior com os animais vivendo felizes não resiste à conscientização da pressão que a humanidade faz no ecossistema, bem como a poluição atmosférica e do solo que imensos rebanhos causam [1] [2]. Mais uma vez bato na tecla: nossa espécie está em número tão grande que arrisca nossa própria sobrevivência. Com um número 99% menor do que hoje estaríamos muito bem, obrigado. Esse é um assunto pelo qual vale uma militância, mas infelizmente humanos não são fofinhos, a não ser quando são filhotes. Certamente imagens como as do documentário Earthlings [3] chocam por demais, porém uma posição onde se defenda a total abstinência quase monástica à nossa dependência dos animais é uma falácia exagerada.

Não importando a motivação, o abate de gado de corte não se restringe apenas à carne, como muitos insistem em propagar. Grande parte de nosso conforto (palavra que pode soar hedonista nesse contexto) e capacidade de sobrevivência depende das dezenas de subprodutos do gado, como os adubos orgânicos, hormônios, insumos para pesquisas etc. Lembro de ter lido um ditado muito antigo em um Almanaque Globo Rural: do boi só não se aproveita o mugido. E se fui contido, foi pra amenizar o estampido abaixo, lá do Caixa Pretta. Clique para ler a letra miúda, mas são as garrafais as mais legais.

25.10.10

"Nesse país se respeitam as decisões pessoais"


Cartum do Laerte (clique para ver por completo) e textos de Helio Schwartsman, com quem concordo inteiramente. Gostaria até de me estender um pouco mais sobre esse assunto, até porque me interessa diretamente, pois tenho uma namorada que eu amo e respeito muitíssimo todos os aspectos dela que são significantes para o momento: a inteligência, a lucidez, a crítica e seu agnosticismo. Embora tomemos as devidas precauções para não engravidarmos (e uso a terceira do plural propositalmente), caso alguma eventual falha aconteça e ela venha a ser fecundada, o assunto certamente viria à baila. No momento onde os encontramos, traçando planos concretos para nossa vida futura, uma criança seria um incômodo seríssimo, ainda mais se levarmos em consideração que ela mora em Brasília (temporariamente em Belo Horizonte) e eu no Rio.

Embora minha opinião sobre o aborto seja clara, sou a favor, mesmo que fosse do contra é dela a palavra final, pois é dela o corpo. Pertence a ela o inalienável direito de julgar o que é bom para si ou não. E mesmo que eu fosse um daqueles religiosos cabeça fechada (duvido muito que ela se envolveria comigo nessas condições), não residiria em qualquer autoridade, seja eclesiástica ou legal, dizer para ela como a vida dela pessoal deve ser.

Enfim, prefiro me fazer entender por palavras melhores e argumentos mais bem construídos por uma erudição algumas escalas além da minha. Fiquem com a Pensata da Folha.

(1) Abortando o problema
(2) Abortando o problema 2, a curetagem
(3) Abortando o problema 3, o epílogo

18.10.10

Jesus conta?

Maringá, 2010.
Relatado no jornal O Diário em sua edição online.

Que o nome de todos os moradores deve ser perguntado, o recenseador Rodolfo Roberto, de 18 anos, sabe muito bem. O que não esperava era ter que incluir como morador ninguém menos que Jesus, a pedido da entrevistada. "A senhora evangélica ficava atrás de mim enquanto preenchia as respostas no computador de mão para ver se eu havia colocado mesmo mais um morador." As questões relativas à data de nascimento e trabalho também tiveram que ser respondidas sobre Ele. "A mulher disse que Ele nasceu em dezembro, mas não soube o ano, nem o rendimento mensal."

Pergunta pro pastor que ele sabe.

6.10.10

Lá e de volta outra vez

Mais uma longa pausa do Caneca. De tempos em tempos eu faço isso, acometido de um intenso fastio pela escrita. Imagino eu que seja uma reação endêmica ao assunto que é minha argamassa: religião. Tem horas que simplesmente cansa ver os mesmos erros serem cometidos ano após ano, as mesmas implicações que passam incólumes pela massa e que cada dia mais se infiltra gotejando lentamente dentro das estruturas públicas. Ou talvez seja a simples falta de tempo para pesquisar e estudar. O importante é que desta feita, algo mudou.

Dei-me conta agora que esse último período de hibernação me fez voltar mais politizado. Acho que voltei dessa vez com outro viés, e gosto do que tenho pensado.

14.5.10

Sam Harris: A ciência pode responder questões morais

A ciência, ou melhor, o método científico, versa sobre a compreensão empírica do universo, sobre relações quantificáveis entre forças, matérias e tudo o mais que compõe nosso ambiente. Desde o nanocosmo das subpartículas, o microcosmo da vida unicelular, passando por nossa realidade média perceptível aos sentidos até chegar ao macrocosmo das estrelas, ela é, e acho que posso cometer esse superlativo, nossa melhor ferramenta para compreensão do que nos cerca. E mesmo toda ciência sistematicamente acumulada nesse poucos séculos, parafraseando Einstein "comparada com a realidade, é primitiva e infantil — e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos".

Retirando aqueles poucos que preferem o primitivismo literal (mas que continuam a usar seus benefícios e repudiando seus métodos), mesmo entre os mais moderados, há quem diga que ela sozinha, embora tenha uma enorme capacidade de explicação e de autocorreção, ela é incapaz de fazer uma coisa: juízo de moral. Que dentro de seu escopo de conhecimento, a ciência não pode responder a questões como: O que é bom e o que é mal? Pelo que vale a pena viver? Pelo que vale a pena morrer? O que é uma boa vida? Quais são os parâmetros do altruísmo? A que valor maior devemos nossas escolhas e arbítrio? Seria a ciência capaz de fazer escolhas morais? Uma sociedade sem religião poderia ser possível se apararmos as arestas certas nos fazendo as perguntas certas? Se empregarmos o método científico de forma que posicionamentos culturais relativistas possam dar lugar a uma conclusão empírica baseada na mesma tomada de decisões que que a ciência faz uso?



Aproveito para recomendar a quem não conhece o TED , uma iniciativa de levar palestras sobre Tecnologia, Entretenimento e Design (daí a sigla), para o mundo inteiro visando busca de patrocinadores para pesquisas e desenvolvimento da cultura humana nas mais diversas áreas. Há vídeos legendados e o português-Brasil é a segunda língua em número de Talks traduzidos, perdendo por muito pouco para o espanhol.

12.5.10

Maluco ou Neurótico

Para bom entendedor, uma metáfora basta.


Em tempo: Benvindo Siqueira é gênio.

26.4.10

Culto e Grosso - Os perigos do respeito automático

Estava outro dia debatendo na Carl Sagan sobre infanticídio indígena praticado ainda por volta de vinte etnias entre as mais de duzentas do Brasil. Esse princípio tribal leva à morte não apenas gêmeos, mas também filhos de mães solteiras, crianças com problema mental ou físico, ou doença não identificada pela tribo. Basicamente uma espécie de eugenia orientada pelas crenças tribais, onde saúde pública, cultura, religião e legislação travam combates intermináveis acerca da validade de uma intervenção legal da União nesse problema. Há projetos ainda em tramitação no Congresso que versam sobre esse assunto, chamado Lei Muwaji, em homenagem a uma índia que recusou-se a dar seu filho para sacrifício. Para detalhes muito precisos do escopo jurídico envolvido, visitem o Palavras Sussurradas. Onde realmente quero chegar é: o quanto a cultura (seja ela religiosa, de gueto, étnica etc.) pode ou não estar acima da lei escrita de um país?

Continue a ler esse artigo no CetNet.

15.4.10

RT @felipe_leme (Via "O Melhor do Twitter")

"O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde." [1]

Ergo, religiosos são todos um bando de doentes.

13.4.10

Tem horas que o silêncio cínico é a melhor defesa

Se soubesse disso, talvez o Vaticano não estivesse em um perrengue tão grande...

A pedofilia é uma parafilia, um desvio comportamental que não é aceita em nossa sociedade ocidental, o mesmo não pode ser dito em outras culturas orientais que incentivam o casamento desde muito tenra idade. Não vou me aprofundar aqui sobre variantes do tema como excitação por figuras infantis, lolitas, violência sexual etc. Vou me ater somente ao fato da afeição eroto-sexual de um adulto por uma criança.

A homossexualidade é uma característica humana também muito comum em diversos grupos animais que de alguma forma, faz parte tanto de de nossa herança genética quanto de nossa bagagem cultural, sendo que, pelo menos do meu ponto de vista, a primeira tem precedência sobre a segunda. É muito mais comum que a massa supõe e nem de longe portadora de perversões que a maioria acredita e abomina, segundo estudos do Núcleo de Opinião Pública (NOP), realizada pela Fundação Perseu Abramo em parceria com a alemã Rosa Luxemburg Stiftung.

Vamos da parte que a ICAR está atolada em uma onda de denúncias de pedofilia, onde um relato encoraja outro a sair do armário da opressão, da vergonha, da humilhação e juntos fazem uma tempestade que tem deixado Bento XVI em saias justas e curtinhas. Parte do dano à imagem da igreja católica tem partido da explosão de munição em seus próprios paióis, como a última coletiva do Secretário de Estado do Vaticano em visita ao Chile, cardeal Tarcisio Bertone, onde afirmou que é o homossexualismo e não o celibato o maior vilão dos crescentes casos de escândalos de pedofilia que tem assolado a Europa e os EUA.

A ocupação de pároco é selecionada por gênero, uma vez que só homens são ordenados como padre. E mesmo com a brecha dentro do Redemptionis Sacramentum (Cap.II, §47) do Vaticano permitindo meninas e mulheres na função de coroinha, elas são uma diminuta fatia na função de assistência. A bem da verdade, elas sempre foram abolidas com máxima repulsa e terminantemente dos serviços, como as palavras do predecessor titular do então Ratzinger, Papa Bento XIV:

"Pope Gelasius in his ninth letter (chap. 26) to the bishops of Lucania condemned the evil practice which had been introduced of women serving the priest at the celebration of Mass. Since this abuse had spread to the Greeks, Innocent IV strictly forbade it in his letter to the bishop of Tusculum: "Women should not dare to serve at the altar; they should be altogether refused this ministry." We too have forbidden this practice in the same words in Our oft-repeated constitution Etsi Pastoralis, sect. 6, no. 21."

É, então, muito recentemente que meninas passaram a ser toleradas dentro das fileiras católicas, mesmo assim apenas como assistentes. Portanto, justificar a pedofilia com base no comportamento homossexual é leviano, uma vez que a própria estrutura hierárquica católica sempre beneficiou homens e meninos dividindo a escura sacristia lá atrás. Portanto, é um erro (para não falarmos em mau-caratismo) a conclusão de que só gays são pedófilos. É como concluir que todos os homens são potencialmente estupradores apenas por terem um pênis balançando entre as pernas.

Mas já que falamos em práticas paroquiais, não custa lembrar que, assim como coloquei em uma postagem anterior, dados de um estudo chamado John Jay Study, encabeçado pelo John Jay College of Criminal Justice of the City University of New York que desde 1950 mapeia e cataloga as acusações feitas contra padres que abusaram de menores de 18 anos. Os números mostram que os casos de pedofilia dentro da igreja são de ordem tal que superam a incidência na sociedade secular. No mínimo quatro vezes mais crianças são estupradas ou levadas a ter relações sexuais com adultos dentro de uma igreja católica do que fora dela.

"Só nos EUA, único lugar com estatísticas concretas sobre padres que cometeram abusos sexuais [com menores], 4.392 sacerdotes católicos foram denunciados por esse tipo de crime entre 1950 e 2002. Isso dá 4% do total de pessoas que exerceram o sacerdócio no país nesse período. Um número alto, ainda mais tendo-se em mente que menos de 1% da população pode ser classificada como pedófila."


Só pra lembrar e para não dizerem que é um herege/maldito ateu falando, Cláudio Hummes, cardeal prefeito da Congregação para o Clero do Vaticano, reconheceu em entrevista ao jornal espanhol El Periódico Extremadura que casos de pedofilia afetam 4% dos padres católicos, o que representaria cerca de 20 mil sacerdotes em todo o mundo. Um exército sistematizado de 20 mil homens que desfrutam da proteção de uma megainstituição que preza por demais por sua imagem e poder, que usa sua fortuna para esconder da mídia seu protetotado, que na grande maioria dos casos é reincidente e confiante na imunidade garantida pelo alto clero.

Cabe então aqui versar sobre as estatísticas demográficas [1] [2] de gays e lésbicas. Nos Estados Unidos, 4% da população votante se declara homoafetiva (se levarmos em conta que o processo democrático por lá é facultativo e que é um país extremamente religioso, praticamente com alvará assinado para ser uma teocracia, esse número pode ser muito maior, posto que muitos ainda devem estar trancados dentro de seus respectivos armários), assim como entre 6% e 20% na Europa, respectivamente para os bretões e noruegueses, esses últimos muito mais próximos do número que eu estimaria com chance menor de errar. De posse desses dados bem preliminares, já dá pra ter uma idéia de onde podemos chegar. Pra começar, não dá pra afirmar a partir deles que a população é homogênea numericamente e equidistribuída em seus nichos. Por exemplo, que menos de 1% dos 4% que se assumem gays nos EUA são pedófilos. Da mesma forma que o contrário também não pode, daí a declaração do cardeal Tarcisio Bertone é falaciosa, como de hábito; no mínimo desinformada e preconceituosa. Como controle de danos é uma prática comum nos arredores da Praça São Pedro, parece que a ICAR prefere ser chamada de reduto de homofóbicos do que antro de pedófilos.

12.4.10

Apicibus juris

Saiu na Folha Online e no G1 desse segunda que os escritores Richard Dawkins e Christopher Hitchens tem intenção de processar o atual Papa Joseph Ratzinger pelo seu papel nos casos de abusos sexuais envolvendo padres da Igreja Católica, acelerado pelas últimas dezenas de denúncias que tem aflorado na mídia [1] [2] [3], sobretudo a prova mais recente, uma carta endossada por Bento XVI onde sugere que o escândalo de um afastamento de um padre não poderia ser levado à cabo pelos respingos na imagem da ICAR. O processo seria local, restrito à justiça do Reino Unido, país onde o pontífice visitará em setembro, mas também teria um outro rolando em paralelo na Corte Penal Internacional. Segundo a reportagem, há precedente histórico nesse tipo de processo com o Pinochet, que foi preso quando em visita a Londres em 98. Exageros à parte, há indícios de que no mínimo quatro vezes mais crianças são estupradas ou levadas a ter relações sexuais com adultos dentro de uma igreja católica do que fora dela.

Independente da plausibilidade legal ou não disso acontecer (e muito menos do Papa ir para o xilindró virar noivinha com direito a aliança de barbante), uma coisa interessante pode brotar desse processo, que em si não vejo chances de dar em alguma coisa, pelo menos se tratando de uma ferramenta da jurisprudência. Talvez, e uma talvez muito cauteloso e cético, uma controversa semana de debates em algumas mídias abrirá espaço para a exposição do antônimo de uma coisa que muitos realmente acreditam: que o papa não é intocável.

Fora essa pretensa exposição na grande mídia do ateísmo militante (não sei se isso é realmente uma coisa boa; tampouco gosto do rótulo), a falibilidade e vulnerabilidade do Papa podem a vir ficar um pouco mais óbvias. Não que ele vá ser preso, mas pelo menos as pessoas vão saber que ele não é imortal, que não é perfeito e que, principalmente, não está acima da lei.

11.4.10

Denúncia: Documentário explora os bastidores da pedofilia na ICAR

Ainda bem (e é um "ainda bem" muito relativo, mas em face ao vídeo abaixo, acho que foi até bom) que fui criado cristãozinho-da-mamãe nas fileiras do mundo evangélico.

Isso é um vídeo de humor, caso não tenha captado a coisa de primeira. Achei ele lá no Bule Voador. Recomendo a leitura. E sim, eu ri pra caralho! hahaha

4.4.10

Mulher de malandro

O que é um católico senão aquela mulher enganada pelo marido e que insiste em sua santidade, não querendo ver o canalha que ele é? Que leva na cara de vez em quando mas ao invés de rebelar-se e denunciá-lo, calca dentro de si a certeza de que aquilo foi só porque ele é a cabeça da casa, e que é direito dele aplicar corretivos pois ele pode, ele é o homem, ele é representande do divino na terra. Que prefere conviver com o facínora que a agride, que a tolhe e que limita seu potencial pois desconhece a vida sem seu homem, que a parasita e se aproveita de seu trabalho. Desconhece que existe um vida fora daquela casa de horrores antiquada, dissoluta em seus valores há muito defasados, retrógrada em suas maneiras, débil em seus rituais decadentes, que exige respeito sem no entanto dar-se ao respeito. E que sempre escuta desculpas esfarrapadas, que acredita que ele vai se regenerar, apenas para uma semana depois estar novamente no lixo boêmio que desafia até as leis da sociedade. Infindas desculpas, intermináveis historinhas que só a mais crédula criatura poderia exercer a falta de dignidade de fingir que acredita na sua regeneração. O eterno marido nunca se cansa de arranjar seus cúmplices para justificar seus atos. Tem em seus comparsas o álibi perfeito para todo tipo de comportamento inadequado. Sabe que a ignorância da sua propriedade não tem fim e que é mansa, dócil e aceita qualquer coisa em seus terminais. O que é um católico senão a pobre coitada que mesmo com o rosto ainda dolorido pela surra, submete-se aos seus caprichos, oferecendo seu espírito à sodomia santificada da negação da realidade.

RT #círculos (Via @LuisFVerissimo)

Dado o formato de 140 batidas que o Twitter nos impõe, juntei uma série de postagens do Luis Fernando Veríssimo no Twitter sob a tag #círculos em um único texto. Não mudei uma vírgula, um ponto ou um espaço. Se ficou ruim, é minha culpa. Se é genial, é culpa dele.

"Certos fatos são como os círculos concêntricos que se formam quando a proverbial pedra cai no proverbial lago. Certos fatos têm um significado imediato e têm as conotações que se alastram, com significados cada vez maiores. Essa questão dos padres pedófilos, por exemplo. No seu centro, há o drama individual de um homem e sua compulsão doentia, e das suas vítimas. O significado seguinte é o da condição antinatural do homem, obrigado ao celibato ou condenado à hipocrisia.

Outro significado é o poder da religião sobre seus fiéis, expressa na imagem do rebanho, mas sem nenhuma garantia do caráter do pastor. Seguindo esses círculos sucessivos, fatalmente você chegará à neurose sobre o sexo, que está na base da nossa civilização. A demonização do sexo e a misoginia são constantes da cultura judaico-cristã e o islamismo não fica atrás. O celibato protege o padre do contágio do mal pelo contato com a mulher, descendente de Eva, a primeira desencaminhadora. O último dos círculos irradiados tem a ver com a Igreja e seus costumes, como a demora em reconhecer seus erros. Entre o acobertamento e a omissão, a hierarquia da Igreja tem muito a ver com os crimes praticados por seus sacerdotes.

Mas nada disto afetará sua majestade. Ela sobreviveu à Inquisição, à perseguição aos judeus, à resistência as revelações da ciência, à cumplicidade com tiranos, e pediu desculpas. Ainda hoje dita o comportamento sexual de milhões de pessoas, apesar da sua posição retrógrada na questão dos anticoncepcionais. Mas um dia pedirá desculpas
por isto também.

O que é eterno não precisa ter pressa."

2.4.10

Bazinga!


Já virou tradição. Todo ano troco minha frase no MSN para algo como "Voltei pra igreja", "Soldado de Cristo" ou qualquer coisa assim. Ano passado foi até mais divertido pois acreditaram com muita fé na minha "regeneração".

Incrível como o tom é sempre como se eu estivesse enfermo, como se estivesse padecendo em um leito de racionalismo. Crédito para o André do CetNet por ter inventado a lorota maluca da IKEA da Palestina, da Tok&Stok da Galiléia. Eu ri. Enfim, bazinga pra vocês!

1.4.10

Móveis do século I encontrados na Judéia foram feitos por Jesus, dizem cientistas (Via Ceticismo.Net)

A notícia abaixo foi dada pelos Senhores do CetNet e portanto dignas de serem sorvidas e aceitas como verdades que são. Eu mesmo, apesar de meu ceticismo, vi-me em uma situação onde minha falta de fé foi abalada por incontestes provas da existência de Jesus. Não mais há espaço em meu coração para outra coisa senão a observação de que o filho de Deus existiu de verdade, é/foi/será para sempre nosso salvador. A hora final se aproxima e não gostaria de que eu, meus amigos e aqueles que tanto amo fossem tragados para o limbo que será a Terra em seu momento de tribulação, conforme está escrito no último livro de João. É hora ainda para arrepender-vos do pecado. É hora ainda de aceitar Cristo como seu único mestre, rei e senhor. Orarei por todos, pois o juízo se aproxima. Abaixo um trecho da notícia e o link para a página com a íntegra.

"Uma equipe de arqueólogos italianos da Universidade de Roma estudam móveis encontrados em uma das grutas existentes no deserto de Neguev. Os artefatos, descobertos por acidente depois que um míssil do Hamas abriu uma fenda na montanha de Rosh Azazel, despertaram curiosidade na região e nos centros acadêmicos. O Vaticano, recentemente enviou arqueólogos de diversas universidades europeias para analisar as peças e, ao que parece, teriam sido os móveis feitos por Jesus de Nazaré, antes de ele começar o seu ministério.

De acordo com o Dr. Rodrigo Bórgia, chefe do Departamento de Arqueologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a descoberta não só é extremamente importante para entendermos o passado, como esclarece um dos grandes mistérios do Cristianismo, que era a vida particular de Jesus antes de iniciar seu ministério e preencher uma das lacunas existentes."

Mais informações acerca desse assunto aqui, direto do canal no YouTube do L'Osservatore Romano, onde o Dr. Shariff comenta sobre o achado.

30.3.10

Culminando no trono do rei

Essa semana vai passar um monte de filmes na televisão onde pegam um judeu pra Cristo (obrigado @ODarwin). Que segundo a visão do Mel Gibson sangra mais que os Cavaleiros do Zodíaco, em seu filme-sarapatel. Minha mãe chorou. Minha tia chorou. E eu, bem, tive particular apreciação pelo filme, principalmente por Maria Madalena. Ah, Madá...

Enquanto isso, a tradição manda que a massa consuma doces ovóides de chocolate escamoteados por leporinos (ou laparinos, nunca sei ao certo), culminando (e essa palavra é importante, vale ressaltar), nos festejos da ressurreição do rei-dos-reis, apropriadamente celebrada em um belo trono de louça, com aquela percepção de que de um dia pro outro você se tornou um Bubaloo: com recheio líquido.

28.3.10

Cético

É mera coincidência linguística "ético" estar inserido na palavra "cético". Mesmo não sendo proposital, a analogia resultante não deixa de encerrar a verdade: que só a justaposição de idéia faz o intelecto humano progredir, ao contrário da estagnação promovida pelos dogmas monolíticos de eras distantes. A credulidade cega é a maior brecha para um estado de dissolução da cultura racional, do método científico que suporta nosso mundo em troca de uma fé niilista e arrogante apegada a conceitos tão misóginos, anti-modernos e de uma malevolência e interesses secundários de poder terreno oculta em camadas e mais camadas de hipocrisia e ilusão. Esse é o pior que a humanidade pode fazer para si mesma, e nesse sentido nunca nossa espécie esteve tão adiantada com a própria extinção.

- - -
Postagem número 100.

21.3.10

Criação em extinção das telonas brasileiras

Entrou em cartaz no Brasil nessa sexta passada, dia 19 de março, o filme Criação conta a história do cientista Charles Darwin (Paul Bettany) e os dramas por trás do desenvolvimento da Teoria da Evolução, que nessa obra foi relegada a mero pano de fundo para os dramas e conflitos familiares vividos pelo naturalista britânico após a morte de sua filha.


Esse plot pode ser encontrado facilmente em qualquer bom site sobre cinema. Mas uma coisa que me chamou a atenção foi o tamanho diminuto do circuito nacional. Fazendo uma busca básica no Google, dentro das sete maiores metrópoles brasileiras, o filme está em cartaz apenas em 9 salas! 6 em São Paulo e 3 no Rio de Janeiro. Salvador, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte e Curitiba não tem nenhuma sala exibindo Criação.

O que me levou a teorizar conspiratoriamente: será que os setores religiosos estão com tanto medo da divulgação em escala de massa do filme que os exibidores foram bastante modestos com a distribuidora, pelo menos não sofreu o mesmo que nos EUA, cujo filme nem foi exibido pois nenhuma distribuidora* quis se arriscar ao prejuízo de exibi-lo para a neo-teocracia americana, pois seria considerado "too controversial for religious America".

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22.03.2010 09h48

Atualizando o post: graças ao Rodrigo do Sblargh, dei uma fuçada e descobri que a Newmarket Films, a mesma que distribuiu o também polêmico A Paixão de Cristo, adiquiriu no apagar das luzes os direitos de distribuir Creation nos EUA. [1] [2] [3] [4]

19.3.10

Pentecostal (uma dessas aí) faz sessão de descarrego para emagrecer

Quando eu acho que já vi de tudo que se possa imaginar em termos de gente babaca, iludida e seus parasitas naturais aproveitadores, salafrários e demais adjetivos que não cabem aqui enumerar, dou lá uma lida fortuita no Papo de Gordo e vejo ISSO.

O que vem escrito na frente dos templos? Exorcismo do Exú-Pançudo? Vendem barrinha de cereal abençoada? Sai adiposo desse corpo que não te pertence? Deixe Jesus entrar e a gordura sair? Sibutramina santa de Israel?

Sério. Parei de me indignar. Pra quem gosta de merda é uma boa dieta.

8.3.10

Evolução, falácias e resposta ao Gustavo

Bem, Gustavo, como você não deixou email ou blog para uma réplica (típico), sou obrigado a colocá-la aqui mesmo no Caneca Orbital em forma de postagem. Certo que não voltará para lê-la, mesmo assim minha educação exige que seja feito assim. E de quebra gero conteúdo para meu blog. Grato antecipadamente pelo seu ato. Segue abaixo o seu comentário à postagem #2 - ORIGENS.

É meu grande amigo acreditar que o homem com todos os seus órgãos e sistemas mais complexos como a própria ciência diz, veias, artérias, vasos, pele, etc... A natureza com todo o seu ecosistema e todos os animais com suas particularidades, vegetais e suas funções todas muito bem distribuidas é acreditar que uma grande enciclopédia toda recortada em seus volumes foi jogada de cima de um alto edifício e ao chegar no chão estava perfeitamente em ordem por volumes,páginas,capítulos,e sem faltar qualer coisa, e assim é acreditar que tudo surgiu de uma grande explosão, o do nada o homem apareceu, o universo e suas galácias, os sistemas solares existentes... Só o Todo Poderoso podia assim o fazer, que Jesus te abençoe e que Ele possa se revelar a ti com propriedade!!!

A princípio, parece que estou lidando com alguém que é leigo em ciência. Não que eu não seja também, pois minha formação foi para a área de publicidade, mas sempre me interessei pelo assunto, sempre gostei de estudar e, principalmente, passei a duvidar desde que ganhei minha primeira porção de maturidade, lá pelos 15 anos. Vou listar primeiro o disgnóstico a partir do seu texto e em seguida teço considerações a respeito:

1) Você não tem instrumentação básica para falar sobre ciência mesmo em níveis elementares. Daí confundir complexidade com perfeição.

2) Apega-se a falácias para justificar seus pontos de vista, mas não se sinta isolado. Nada é mais tipicamente religioso do que isso.

Agora posso dar início à parte que me cabe:

1) Em primeiro lugar, recomendo você a driblar o que seu clérigo certamente falou para você e estudar sobre evolução das espécies através da seleção natural. Nela há todo tipo de argumento científico, ou seja, com provas reais que podem ser comprovadas por outros estudos de áreas distintas (acostume-se com esse raciocónio se pretende fazer do comentário crítico em blogs céticos uma constante), que acumulam-se a fazem da evolução das espécies um fato.

Em termos bem gerais, evolução por seleção natural são os milhares de acúmulos de sutis modificações que o genótipo de uma espécie acumula através de uma escala temporal muito mais extensa que uma vida humana pode acompanhar in loco. Essas mutações podem ou não beneficiar um indivíduo. E beneficiar significa não ser trucidado e morto e, como recompensa, sobreviver para se reproduzir e passar essas modificações pra sua prole. E isso vale para coisas tão simples como uma pelagem que facilite a camuflagem até coisas muitíssimo complexas como um olho ou uma asa. Clique no link acima para dados muito mais concretos direto dos senhores do CetNet. Em tempo, não, não somos perfeitos.

2) Quanto a falácias, bem você usa uma das mais manjadas, que nada mais é que a variação do Ferro-Velho e do Boing747. Torno a dizer, típico. Mas vou ser didático. Assim se você ler isso e decidir voltar aqui para uma conversa, vai evitar de passar vexame por ignorar uma regra de argumentação. Vejamos o que um dicionário comum fala sobre falácia (é Wikipédia, eu sei. Mas por hora vai servir isso mesmo):

Uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso. Reconhecer as falácias é por vezes difícil. Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica ou emotiva, mas não validade lógica.

Percebe? Seu argumento tem um certo verniz que pode convencer ao incauto ou ao menos preparado, mas realmente não convence tampouco abala quem sabe um pouquinho mais. Inicialmente, claro que perdoado pelo seu desconhecimento de rudimentos científicos, compara uma estrutura inicial complexa (a enciclopédia antes da queda) é dividida e embaralhada (queda) e por fim encontra restauração na mesma ordem inicial (enciclopédia pós queda).

Não querendo perder mais tempo aqui do que o merecido, basta comparar que a estrtutura inicial da vida foi feita com blocos muito simples e que foram desenvolvendo complexidade a medida que o tempo em escala geológica (muito, muito fora de nossa compreensão empírica permite) e não a uma enciclopédia completa. Esse mesmo tempo muito grande é comparado a uma queda de um prédio, desconsiderando que o tempo real é da ordem de milhões de vezes mais dilatado que a comparação.

Voltando então à falácia, você praticou é uma das muitas faces do que é chamado de reductio ad absurdum, comparando e diminuindo os processos naturais que regem a evolução das espécies por seleção natural a um mero farfalhar de folhas soltas de uma enciclopédia. E meu caro Gustavo, se ao invés de atirá-la do décimo andar você se dignasse a lê-la, certamente não falaria tantas besteiras por aí.

6.3.10

Calvin & Haroldo [1]

Uma grande pena Bill Waterson ter parado com as tirinhas do Calvin para ter se dedicado a pintura. Lembro de todo domingo de manhã no Globinho, quando meu pai colocava o jornal da mesa e desmontava-o, separando imediatamente meu jornalzinho. Eram pérolas semanais de sarcasmo, ceticismo, lucidez e inteligência que infelizmente não tinha cabeça na época pra sorver.

1.3.10

O Universo em escala

Um dos maiores problemas para a divulgação científica, sobretudo dentro do campo da física, é a compreensão das escalas fora do nosso universo palpável e visível. Coisas muito grandes ou muito pequenas, na esfera do além planetário e do mundo microscópio, são geralmente incompreensíveis para a pessoa comum que não tem nenhuma base melhor do que fora aprendido no ensino médio.

A proposta dessa ferramenta é libertar do imagético as elocubrações enigmática acerca da matéria e trazer para o mundo compreensível, visível, real. O que nos leva a concluir que essa mesma matéria de que somos feitos, "poeira de estrelas" como dizia Carl Sagan, pelo menos nas mais aceitas teorias atuais, é tão ínfima, efêmera, quase que inexistente de tão pouca massa, que dá pra se concluir que somos feitos de maior parte... de quase nada.


Dê play e deslize a barra para a esquerda para encolher a escala e a direita para aumentá-la. E boa viagem!

Créditos para o Jovem Nerd, de onde eu vi primeiro essa ferramenta, que por sua vez catou lá no O Velho. A postagem original foi no excelente portal Newgrounds. Vale a pena dar uma olhada direto na página original onde é possível ampliar a janela e ver mais detalhes.

27.2.10

Parasitas de Catástrofe

Estou para escrever sobre isso desde o terremoto no Haiti, mas precisou mais uma catástrofe como essa acontecer no Chile para que eu expusesse minhas observações. O terremoto da costa leste da américa do Sul deu mais uma oportunidade para verificar um fenômeno bastante comum em fórums e comentários de notícias que divulgam notícias sobre o assunto: as criaturas parasitárias que aproveitam a miséria alheia para vomitar suas certezas religiosas.

Essa gente celebra de de boca cheia qualquer tipo de acontecimento ruim, seja no nível pessoal como um assassinato ou em nível global como um deslocamento tectônico que destrói cidades e fatalmente mata milhares. Não importa o acontecido, há sempre aqueles de prontidão que, não sem um certo brilho no olhar, arrotam e promovem suas profeciais parasitando o sofrimento alheio. Me dá muito nojo comentários como esse que pesquei por aí ao buscar informações sobre o acontecido:

pessoal, o mundo esta em alerta,as pessoas já não sabem mais o q fazer, é o calice da ira de Deus, como foi nos dias de noé assim será na vinda do filho de Deus, os que não querem acreditar so tenho algo adizer o problema é seu, a palavra ja foi pregada entre povos ,tribos, raças, dialetos e linguas, o mundo já ouviu a palavra de Deus. como servo fiel a cristo eu falo pra todo mundo ouvir MARANATA ora vem senhor jesus....
alison - Terra

Terremotona Chile.... O Senhor está as portas !!!!! Ora vem Senhor JESUS!!!!
@Amanda9354 - Twitter

haverá o tempo em que não precisaremos mais pregar a biblia, mais os proprios acontecimentos falarao em nossos lugares. jesus esta voltando,prepara-ti
para os ateus - Terra

A sensação é a de triunfo, de certeza, parece que estou vendo aquele orgasmo mental que se tem quando algo que dizemos se comprova certo (não que seja o caso, é mais para quando algum fato aleatório realça o fanatismo pessoal). Parece que passam o tempo inteiro torcendo para que alguma coisa de muito ruim aconteça no mundo para que, tal qual éforos apodrecidos, venham apontar seus dedos retorcidos e com sua boca torta por um sorriso contido com dificuldade um cínico "eu não disse?". Esse tipo de fé, o comburente dessa queima maldita, só sobrevive no sofrimento, na miséria e na ignorância. E com o mundo passando por um número significativo de catástrofes climáticos, por fome, guerra, secas, chuvas e fogos, o combustível fóssil dessa máquina de vicissitudes nunca se esgota e nem dá mostras que o fará em breve.

21.1.10

21 de Janeiro - Dia Mundial da Religião

Se há o que comemorar, é seu próprio sucesso em proliferar e incitar a intolerância. Não acho que o bem feito supere o mal feito. Enfim, o Darwin me veio com uma dessa que me fez rir sozinho hoje:

"21 de janeiro oficialmente é o Dia Mundial da Religião. Porém, na prática só é comemorado no dia 1º de abril."


hahaha

18.1.10

Primeira postagem de 2010

Apesar da declaração escrotíssima de Pat Robertson, não pude escrever pois estava viajando. Cito, esse texto excelente do Veríssimo. Já que está aqui, sinta-se convidado a ler sobre minha série Porque sou Ateu, partes [1] [2] [3] [4], e saiba um pouquinho mais sobre mim. Não está revisado nem atualizado, já que fiquei um pouco mais velho e um pouco mais sábio. Mas o farei em breve.