Soberania da Intolerância [2]
Na Nigéria e na lusófona Angola, certamente isso se repete em outros países do continente africano, um fenômeno de barbarismo e ignorância tem chamado atenção desde o ano 2000. Pastores evangélicos locais estão ajudando a criar uma terrível campanha de violência contra jovens membros de sua vizinhança. Crianças e até mesmo bebês são acusados de serem praticantes de magia negra e, portanto, passíveis de serem agredidos, abandonados e assassinados enquanto os líderes religiosos enriquecem por meio do medo dos pais e do povo local. Mesmo havendo uma concorrência muito grande entre as centenas de denominações evangélicas na área, o mercado é lucrativo para aqueles que se aproveitam da ignorância bovina daqueles que crêem no seu dogma.
A motivação parece ser tão casuística quanto desmedida, pois basta que ocorra um divórcio, doença, acidente ou perda de emprego para que tais medidas logo encontrem acolhida no seio dessas igrejas como sendo obras de bruxaria, prática que faz parte não só do credo como também da própria cultura africana e que os cristãos fazem questão de erradicar, usando para isso os métodos mais sádicos e cruéis possíveis, que faria corar de vergonha virginal qualquer inquisidor espanhol mais sanguinário.
Aplicação de jindungo (uma espécie de pimenta), perfume e até petróleo nos olhos da criança, óleo de palma nos ouvidos, cortes na pele, queimaduras de fogo, ácido ou água quente, supositórios de ervas, eméticos por via oral e anal. O exorcismo não sai barato, já que a família tem que pagar ao pastor de três a quatro meses de salário para que o demônio/feitiçaria seja expulso do corpo da pobre criança. Outras são postas em regime de trabalho forçado nas lavras do pastor por períodos de cerca de seis meses. Muitas vezes a criança acaba não resistindo aos maus-tratos e acaba morrendo. As que conseguem escapar à fúria estúpida dos religiosos acaba morando na rua, agravando o quadro social de miséria e abandono que já é bem grande em todo o continente.
Leia aqui a reportagem do caso Nigeriano do jornal inglês The Observer. Na mesma página da reportagem há um vídeo que mostra detalhes do ocorrido, mas uma versão legendada pelo Cristiano *o|-<( da comunidade Ateus e Agnósticos faz o grande serviço de divulgar essas atrocidades e torná-las mais acessível aos que não falam inglês. Procurando saber mais sobre o assunto acabei achando também outra matéria, essa da agência angolana AngoNotícias, que relata casos semelhantes também ocorridos em Angola.
Embora profundamente revoltado, não vejo novidade nessas atrocidades em nome do cristianismo. Suas raizes profundas que também levam seiva conspurcada para o judaísmo e o islamismo, estão mergulhadas em pouco mais de dois milênios de guerras e sangue inocente. Seu mártir, que supostamente fora torturado antes de ser morto, dizia-se filho de uma divindade arcaica que serviu de pretesto sobrenatural para matanças tão torpes e cruéis como as que estão sendo feitas na Nigéria e em Angola. Crianças sempre pagaram com a vida por adultos fanáticos e suas alucinações bárbaras e primitivas.