Bem, Gustavo, como você não deixou email ou blog para uma réplica (típico), sou obrigado a colocá-la aqui mesmo no Caneca Orbital em forma de postagem. Certo que não voltará para lê-la, mesmo assim minha educação exige que seja feito assim. E de quebra gero conteúdo para meu blog. Grato antecipadamente pelo seu ato. Segue abaixo o seu comentário à postagem #2 - ORIGENS.
É meu grande amigo acreditar que o homem com todos os seus órgãos e sistemas mais complexos como a própria ciência diz, veias, artérias, vasos, pele, etc... A natureza com todo o seu ecosistema e todos os animais com suas particularidades, vegetais e suas funções todas muito bem distribuidas é acreditar que uma grande enciclopédia toda recortada em seus volumes foi jogada de cima de um alto edifício e ao chegar no chão estava perfeitamente em ordem por volumes,páginas,capítulos,e sem faltar qualer coisa, e assim é acreditar que tudo surgiu de uma grande explosão, o do nada o homem apareceu, o universo e suas galácias, os sistemas solares existentes... Só o Todo Poderoso podia assim o fazer, que Jesus te abençoe e que Ele possa se revelar a ti com propriedade!!!
A princípio, parece que estou lidando com alguém que é leigo em ciência. Não que eu não seja também, pois minha formação foi para a área de publicidade, mas sempre me interessei pelo assunto, sempre gostei de estudar e, principalmente, passei a duvidar desde que ganhei minha primeira porção de maturidade, lá pelos 15 anos. Vou listar primeiro o disgnóstico a partir do seu texto e em seguida teço considerações a respeito:
1) Você não tem instrumentação básica para falar sobre ciência mesmo em níveis elementares. Daí confundir complexidade com perfeição.
2) Apega-se a falácias para justificar seus pontos de vista, mas não se sinta isolado. Nada é mais
tipicamente religioso do que isso.
Agora posso dar início à parte que me cabe:
1) Em primeiro lugar, recomendo você a driblar o que seu clérigo certamente falou para você e estudar sobre
evolução das espécies através da seleção natural. Nela há todo tipo de argumento científico, ou seja, com provas reais que podem ser comprovadas por outros estudos de áreas distintas (acostume-se com esse raciocónio se pretende fazer do comentário crítico em blogs céticos uma constante), que acumulam-se a fazem da evolução das espécies um fato.
Em termos bem gerais, evolução por seleção natural são os milhares de acúmulos de sutis modificações que o genótipo de uma espécie acumula através de uma escala temporal muito mais extensa que uma vida humana pode acompanhar
in loco. Essas mutações podem ou não beneficiar um indivíduo. E beneficiar significa não ser trucidado e morto e, como recompensa, sobreviver para se reproduzir e passar essas modificações pra sua prole. E isso vale para coisas tão simples como uma pelagem que facilite a camuflagem até coisas muitíssimo complexas como um olho ou uma asa. Clique no link acima para dados muito mais concretos direto dos senhores do
CetNet. Em tempo, não, não somos perfeitos.
2) Quanto a falácias, bem você usa uma das mais manjadas, que nada mais é que a variação do Ferro-Velho e do Boing747. Torno a dizer, típico. Mas vou ser didático. Assim se você ler isso e decidir voltar aqui para uma conversa, vai evitar de passar vexame por ignorar uma regra de argumentação. Vejamos o que um dicionário comum fala sobre falácia (é Wikipédia, eu sei. Mas por hora vai servir isso mesmo):
Uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na capacidade de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso. Reconhecer as falácias é por vezes difícil. Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica ou emotiva, mas não validade lógica.
Percebe? Seu argumento tem um certo verniz que pode convencer ao incauto ou ao menos preparado, mas realmente não convence tampouco abala quem sabe um pouquinho mais. Inicialmente, claro que perdoado pelo seu desconhecimento de rudimentos científicos, compara uma estrutura inicial complexa (a enciclopédia antes da queda) é dividida e embaralhada (queda) e por fim encontra restauração na mesma ordem inicial (enciclopédia pós queda).
Não querendo perder mais tempo aqui do que o merecido, basta comparar que a estrtutura inicial da vida foi feita com blocos muito simples e que foram desenvolvendo complexidade a medida que o tempo em escala geológica (muito, muito fora de nossa compreensão empírica permite) e não a uma enciclopédia completa. Esse mesmo tempo muito grande é comparado a uma queda de um prédio, desconsiderando que o tempo real é da ordem de milhões de vezes mais dilatado que a comparação.
Voltando então à falácia, você praticou é uma das muitas faces do que é chamado de
reductio ad absurdum, comparando e diminuindo os processos naturais que regem a evolução das espécies por seleção natural a um mero farfalhar de folhas soltas de uma enciclopédia. E meu caro Gustavo, se ao invés de atirá-la do décimo andar você se dignasse a lê-la, certamente não falaria tantas besteiras por aí.